sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

Estava eu a me questionar se começaria a escrever minha retrospectiva 2011 em 2011 ou em 2012. Decidi por escrever agora, ainda em 2011, pra que eu me sinta seguindo uma pseudo-tradição já que fiz isso ano passado também.
2011 teve um  início incrível e talvez por isso se torne um ano inesquecível, fiz bom proveito de cada segundo de férias que tive e vivi experiências novas e surpreendentes. Chorei no dia 30 de Janeiro, chorei em lembrar que aquele ensolarado e aventureiro Janeiro estava no fim e chorei pensando que o que me aguardava durante o resto dos dias deste ano só poderia ser mais ensolarado e aventureiro ainda... errado. Estava profundamente imersa na enganação. Aquele Janeiro ficará para história e por ele é que eu não me permito dizer que 2011 foi um ano ruim, até porque quem sou eu pra definir se um ano foi bom ou ruim apenas no auge dos meus meros 16 anos? 2011 foi a continuação ruim de um filme bom, aquele seu filme preferido que a continuação dele te decepciona lindamente, mas você não pode dizer que não gosta do filme. 

Nesse ano, eu consegui estudar e me dedicar como nunca antes tinha feito e me surpreendi. Mantive o sorriso em momentos que eu poderia jurar que isso era impossível e fiz amigos. É, fiz muitos amigos. Amigos vascaínos, a propósito. Conheci todos os extremos que a amizade nos carrega ou pelo menos penso que sim.
Me machuquei, ah, isso eu fiz como mestre, fiz com excelência. Me machuquei com quem sempre me machuca e com quem nunca pensei que fosse me machucar. Quando falo de machucados, uma situação me vem a mente e me faz esquecer de todas as outras possíveis feridas que eu possa ter formado. Logo, essa retrospectiva não ficará tão fiel nesse quesito porque no fundo só estarei falando de um machucado. Machucado bem fundo. Perdi o ar, gastei todas as lágrimas, perdi a fome, senti dores, desmaiei de tanto imaginar. Imaginei os dois, imaginei nós dois, imaginei por todos nós e por mais alguns também. Viajei por um tempo dentro de mim mesma, decidi podar cuidadosamente o meu jardim e fiz isso com calma e quase fiz um bom trabalho.
Em 2011, eu morri de fome, sonhei acordada, fui a lua, beijei, abracei, corri por ruas desconhecidas, ouvi e falei. Ouvi as músicas como quem apreciava o melhor prato do melhor cheff, usei as músicas pra guardar os momentos e pra me lembrar de pessoas. Eu beijei a vida, beijei as paredes e os postes esperando que eles me dissessem por onde ir. Deixei o meu melhor beijo ainda em 2010, mas tive os melhores momentos. Andei ainda ao lado de Deus e Ele conversou comigo como um amigo conversa com sua amiga e isso foi incrível.
Eu fiquei com vontade e aumentei o meu controle. Fiz o que tive vontade alguns momentos e em outros eu fiquei na vontade e até a vontade. Perdi a vontade.
Torci, chorei, me decepcionei, fui aos jogos, perdi a voz, perdi as lágrimas, os xingamentos, as declarações de amor... perdi tudo e doei tudo ao Botafogo e não me arrependo, conheci novos alvinegros, novas motivações e fui aos piores jogos e deixei de ir nos melhores.
Conheci a inocência de perto e vi o quanto isso é precioso e importante pra mim, guardei esses e isso 2011 fez direitinho. Abracei a inocência e quero ela sempre comigo. Me senti acolhida e segura mesmo que desconhecida. Fui amada sem ser conhecida de verdade, é, você me amou mas você nunca soube quem eu sou. Guardei isto.
Na chuva, no banco, na rua, no calor, no ônibus, no shopping, no trem... na vida.
2011 me trouxe algumas surpresas... ruins. E outras também... ruins. Outras ainda, piores. Mas, uma coisa boa 2011 me trouxe: 2012. Ok, nem serei tão reclamona assim... 2011 me trouxe conhecimento maior de mim, de Deus, de antigos amigos e de novos amigos. Vejamos só, já estamos com um pé em 2012.
Uma palavra pra 2011: CONHECIMENTO.
E QUE VENHA 2012! Estou ansiosamente esperando por você com um sorriso no rosto.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cartas de Sophia



Henry,
Todas as tardes podiam ser como aquela tarde, aquela tarde quando não fingimos que brigamos e não brigamos de verdade. A tarde que fingimos que não descordamos tanto e somos tão diferentes. A tarde em que não digo que está tudo bem e você não diz que quer me matar. Todas as tardes podiam ser mais como hoje. O nosso problema é não aceitar que somos mentes fictícias vivendo no mundo real, somos dois seres tão parecidos em sua essência e tão diferentes no seu conteúdo. É como se nós estivessemos em um mesmo frasco de vidro, só que eu sou o suco de caju e você o suco de limão. Entendeu? Ok. Somos como dois personagens de um livro que foram supostamente condenados a viver no mundo real. Não é um livro daqueles em que tudo dá certo, é um livro em que tudo acontece de forma errada e que os personagens tem sempre muito tempo pra pensar e pensar. Eu não sei o fim do nosso livro e nem sequer conheço o enredo. Sei que no nosso livro as falas eram sempre marcantes e as brigas soltavam faíscas. No livro quando nessas tardes ternas em que nada de errado acontece, nós iriamos nos amar profundamente e tão intensamente que perderíamos toda vontade de mais uma briga, não digo necessariamente no sentido físico (não excluindo isso), mas nos amaríamos com a alma. Essas tardes trariam memórias melhores do que construímos. No dia em que tudo isso chegar ao fim, terei algo pra sentir saudade. Talvez se retornássemos para o nosso livro um dia, pra onde nossos pensamentos façam sentido... talvez. Talvez assim tudo dure mais do que apenas mais 1 ano. Eu não sei. Sinto agora que nossas tardes não serão mais assim, isso não vai acontecer de novo. Não irá acontecer, até um de nós ceder.


Sophia Iris, a confusa.

sábado, 15 de outubro de 2011

Libertamento preso

Nada mais me prende a esse país. Mentira. Estou presa, mas digo que não para pensar que não e meu coração me deixar ir. Estou me entregando toda às forças policiais. Eu disse que iria, por que perseverou em não acreditar em nada que passava pelos meus lábios? Eu jurei que não iria me entregar, fiz promessa, cai da mesa e subi aquela porta. Pela porta parecia mais fácil que pela parede, não entendi. Você disse que não precisava, que não iria me prender e que sempre que eu quisesse poderia ir. Assim fiz. Disse que ficaria só por alguns dias, só pra sorrir um pouco. Sorri até demais e acho que gostei. Gostei do que dizia todo dia, dos seus ouvidos sempre confiáveis. Gostei de poder falar sobre o sangramento e de curar o seu ferimento. Meu ombro ficou todo alegre, dizia e dizia que não queria voltar pra casa. Minha casa era feliz pra mim, mas era um feliz sozinho, um feliz eu e Deus. Era feliz só por causa dEle e mais ninguém. Mesmo assim, na minha casa não tinha as suas pernas. Eu jurei que não ia gostar, que ia continuar tudo como era. Até durou um tempo a minha promessa, só que eu gostei da sua boca. Gostei mesmo dela, sonhei com ela e pensei nela. Ela me dizia e me ouvia, me beijava e gostava de mim. Ela tinha gosto de azul e azul é quase verde. Só tinha beijado amarelo, azul nunca. Um dia te senti distante e por ter sentido pensei que tinha me entregado e nem havia notado. Foi o que houve. Me entreguei sem notar e lá estava eu e o seu azul todo azulado. Quando notei, o meu mergulho já estava bem fundo, lembrei-me do dia em que não me quiseram, o dia em que me deixaram. Me senti como naquele dia, me senti dependendo de algo. Não gosto disso. Não gosto de depender e de esperar, sempre me decepciono. Acho que conseguiu o que você queria e eu não sei o que eu queria então não sei se consegui. Só sei que vivi e essa é a minha vida. Minha vida sobe por janelas e cai dentro de caixas. Você não é janela nem caixa, você é pasta rosa. Agora eu vou mesmo embora. Vou devagar pra ver se não você não percebe, não quero ter que ouvir, sentir e gostar. Quero ficar, quer dizer quero ir. Devo ir, devagar mesmo. Eu já vou indo nessa velocidade mesmo. Vou porque não quero mergulhar mais fundo que isso.
Juro que não mando lembranças, mas acabarei mandando.
Quando eu for, me diga se me viu partir.




"Ah, se já perdemos a noção da hora se juntos já jogamos tudo fora, me conta agora como hei de partir. Ah, se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, rompi com o mundo, queimei meus navios, me diz pra onde é que inda posso ir. Se nós nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas, diz com que pernas eu devo seguir. Se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu." Chico Buarque

sábado, 24 de setembro de 2011

Os infinitos dos seus quinze anos.



Sinceramente, espero que junto com a intensidade dos quinze anos vá embora a complicação de uma adolescente complicada. Não vou deixar de ser adolescente, vou continuar nessa fase estranha e sem sentido que me prende de mais a tudo, que faz cada respiração ser um aprendizado. Se está a todo momento concluindo sobre o nada, aprendendo, se decepcionando. Not enough, baby. É normal pensar "O que será que fulano vai achar se eu fizer o que eu quero fazer?", sabe o que é que o fulano vai achar? Vai achar um monte de explicações e justificativas pra você ter feito o que fez, menos que você o fez porque estava com vontade. Estamos constantemente nos enganando e enganando os outros. Tentando ser diferente e sendo igual a todos os outros diferentes. Jurando que gosta de Rock, porque quem gosta de Rock é roqueiro e ser roqueiro é como ser "nem aí?", mas sabe o que é ser nem aí? ser nem aí é não estar nem aí pra o que as pessoas vão achar das suas músicas, ser nem aí é estar nem aí para ser nem aí. Ninguém está sendo quem é. Estamos sendo quem pensamos que somos, o que muitas vezes é diferente de quem realmente somos. Entendeu? 
A vida é simples. Quer dizer, eu não sei, mas eu acredito que seja bem simples, porque a vida é simplesmente a vida. Ela existe e acabou. Você sente e acabou. Por que? Porque permanecemos eternamente se prendendo a um futuro que nem sabemos se estaremos vivos, porque ainda vivemos a fazer pelos outros e não por nós? Engraçado. Um dia, eu juro: um dia eu vou conseguir ser tão simples quanto a vida nos pede pra ser. Por enquanto ainda não dá, mas eu como um ser não-simples coloco toda a culpa na adolescência. Até porque... a culpa nunca é minha. Eu li esses dias, esse mini texto:
‎"As pessoas complicam muito as coisas, ainda mais quando querem algo. Saudade? Ligue. Quer encontrar? Convide. Quer compreensão? Explique-se. Dúvidas? Pergunte. Não gostou? Fale. Gostou? Fale mais. Tá com vontade? Faça. Quer algo? Pedir é a melhor maneira de começar a merecer. Se o não você já tem ao tentar, só se corre o risco do sim. A vida é uma só!"
Parece tão simples vendo assim, não é? Vai lá ser simples que eu vou devagar e um dia eu chego lá.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Minha cicatriz risonha e corrosiva.

Querida ferida
Boa tarde! Boa noite! Só durante as minhas manhãs é que você ainda me deixa tranquila, ainda fica longe de mim. Deveria te agradecer por isso? Obrigada! Eu já não sei mais se você ainda existe ou se é a parte masoquista de mim que ainda quer te ter por perto. Acho que eu gosto de como arde, de como estala, arranha e piora. Ou melhor, eu gosto de como dói. Estranho isso, né? Desculpa!
Eu não sei qual é a parte mais engraçada guardada nessa sua casca, não sei se é a parte que envolve outras pessoas e do que as outras pessoas fazem e de como elas não se importam nem de graça com você e comigo tendo você ou a parte minha mesmo, a parte da minha maluquice total, da minha infantilidade e dificuldade de evoluir, esquecer, superar. 

É, talvez o problema seja todo meu. Acho que você já me disse isso, não disse? "Ou, o problema é todo seu." "O problema é que você não esquece." "Não me lembro de você, quem é?" "Não acredito que ainda está aí esperando que eu vá embora, todo esse tempo."
Talvez eu tenha me perdido em uma parte da linha do tempo, tenha estacionado uma área na minha vida. Estacionado? Não, pisado em um buraco bem fundo que eu não sei mais como sai, mas eu tento. Juro.
Talvez eu esteja aqui mentindo, querida. Estou mentindo pra você. Na verdade, você é a minha saída, minha desculpa. Na verdade, eu estou fingindo ou só dizendo palavrinhas e no fundo bem fundo eu é que não ligo. Inventei. Sou criativa. Inventei. Criei uma suposta cicatriz e eu sou uma gênia. Tão gênia que eu inventei tão bem inventado que não sei desinventar.
Não entendeu? Você é muito lenta. Desculpa! Eu acho. 

Ah, quase me esqueço o que eu ia lhe pedir. Gostaria que você avisasse aos seus coronéis, aqueles dois que antes eram um e se dividiram em dois, que quando eles quiserem eles podem a levar de volta ou me matar de vez. Irônico. Sabia que a segunda parte do seu senhor ainda diz que me considera? Eu sei. Eu sei. Você já me disse que eu que quis assim, mas nada é bem assim. Nada é bem assim. Na verdade, eu espero ainda por esses dias que os seus coronéis resolvam lembrar de mim, lembrar da minha humilde existência, ou talvez lembrar de você, lembrar que você ainda está em mim. Espero que se lembrem que ambos um dia disseram que eu valia ao menos um níquel em seus bolsos e que hoje só mostram que os seus bolsos sempre estiveram cheios de si e não havia nem ao menos um pedaço de mim. Espero que se recordem que me trituram e me afundam agulhas a cada gesto e se não podem deixar de fazê-los, pelo menos os escondam dos meus olhos. Diga a eles que eu espero que ambos fiquem bem longe do meu coração, já que não deixo-os longe do meu sorriso e das minhas conversas. É. Eu tenho agido indiferente, mas no meu coração só há você, minha querida. Não resta nem mais uma gota de um ou de outro.
Não quero tomar muito o seu tempo, você deve ter alguma parte de mim para cutucar. Deve ter alguma ordem pra cumprir. Eu não sinto a sua falta, minha linda.

Vá embora o quanto antes e não mande notícias.
Não me procure nunca mais.
Adeus.

Eu menti.


"Ah, meu amor, meu peito ainda bate pela certeza - meio incerta - de que um dia tudo passa."
 "Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a idéia da alegria." (Caio Fernando Abreu)
"Você pensa que nunca vai esquecer, e esquece. Você pensa que essa dor nunca vai passar, mas passa. Você pensa que tudo é eterno, mas não é." (Clarice Lispector)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Inconstante constância.

Querido amigo,
Tenho vivido em muitas inconstâncias esquisitas, as vezes vejo umas coisas relacionadas a algo e tenho certeza de que aquilo ou aquele alguém não é o que eu quero, mas minutos depois vejo outras coisas de um lado diferente do mesmo algo e torno a mudar de opinião e penso que aquilo ou aquele alguém é que é o eu quero. É óbvio que tudo tem diferentes lados e se eu não gosto de um, talvez me simpatize com o outro, mas é muito ruim ficar mudando de ideia quanto as coisas só porque passei a olhar com outros olhos. Queria ser decidida, sabe? Queria ter certeza sobre tudo, queria não ter um "ah, mas, agora falando desse jeito... até é interessante!" Eu sei também que tudo isso é fruto da idade, a temida adolescência que tanto os meus pais me contaram, nunca acreditei mas agora vejo que ela realmente tem uma influência nas minhas ideias e opiniões variantes.
Adoro quando se importam comigo, quando dizem que estão preocupados e quando ficam me perguntando as coisas a fim de saber se está tudo bem, mas noutro dia eu gosto quando mudam de assunto e tentam ser alegres a fim de me fazer rir. Este ou aquele dia eu posso estar interessada em complicações e assuntos profundos e cheios de nós, talvez naquele outro eu esteja a fim de algo bem simplificado e longe de nós. É assim que tem sido. Hoje eu quero dar toda a minha atenção pra você e amanhã eu quero dar toda a minha atenção pra ele. São duas coisas completamente diferentes e é justamente o que de mais diferente elas tem é que eu gosto. Então, como faz pra gostar de duas coisas tão diferentes? Eu é que vou saber? Ah, mas as minhas inconstâncias não se resumem a isso não, elas são diversas e me deixam levemente irritada comigo mesma, mas no fundo acho até engraçado. Só tem uma coisa que eu sou constante, as coisas que eu acredito nunca mudam e são sempre constantes no meu coração. O impacto que elas e Ele tem sobre a minha vida e como eu sei que Ele mudou a minha vida significativamente só eu sei. Ta aí, não sou completamente inconstante. Ainda não sei exatamente o que eu vou fazer desse meu probleminha, mas eu prometo que não farei dele um grande problema. Prometo ignorar ele na maioria das vezes e fazer o que eu achar mais certo sem me preocupar de mais com esses pequenos obstáculos, porque vou ser feliz, não é? Por agora só preciso que você me entenda, amigo. Preciso que você diga que não há nada de mal mudar de ideia em minutos, ou melhor, na velocidade de pequenos gestos ou algumas palavras. Só me diga que está tudo bem e que eu não sou má por cometer tal confusão comigo e com os outros.

Obrigada. 
De um coração confuso.




"Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonhos demorados quanto minhas insônias insuportáveis." Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Por hoje, eu quero.



Hoje eu estava pensando enquanto fingia que assitia um filme. Pensando sobre isso aqui. É, os textos, o blog e a minha vida. De repente eu senti uma vontade louca de escrever, mas não assim como eu tenho feito. "Assim como?" Assim. Assim escrevendo para o nada, escrevendo o que eu penso pra ninguém ler. Não que eu queria que leiam, não. Na verdade, essa vontade que surgiu de súbito era de escrever direcionando para alguém. Não para um "público" ou escrevendo e divulgando loucamente para todos lerem. Eu estou com vontade de escrever começando com um "querido amigo" ou "meu amor". Estou com vontade de escrever uma carta, um email, e compartilhar com alguém o meu dia.
Esse alguém vai me amar sem nem saber o meu nome e vai escrever de volta, eu vou acordar de manhã e correr para caixa de correio e quando minhas mãos sentirem o envelope... ah, vou senti-lo no corpo inteiro e mais intensamente no coração. Aquele envelope será rasgado com todo cuidado e eu vou me sentar para ler da melhor forma possível. Dirá como foi o dia do meu amigo, não dirá nada pessoal de mais, mas não vai medir as palavras para contar-me os seus pensamentos e o seu profundo nada. Falaremos sobre nada todos os dias e talvez um dia nós vamos nos aconselhar, vamos aprofundar a nossa conversa.
Talvez seja por email. Email é mais fácil, não é? Nós seriamos ocupados de mais para passar o dia conversando, mas trocaríamos mensagens longas e compartilharíamos nossas histórias. Histórias que não citam nomes, não se aprofundam muito, mas que são o suficiente. Eu não sei, mas eu estou louca por alguém incomum e que não se importe com o nosso "relacionamento" incomum. Alguém que me faça querer explicar o que eu penso com muita paciência e que realmente pareça interessado em entender. Esse alguém é complexo de mais, como eu. Ele pensa em coisas que não fazem muito sentido e me conta e nós nos estenderíamos por vários parágrafos conversando sobre o nosso sem sentido pensamento.
Então, por hoje é isso que eu quero. Eu tenho essas loucuras temporárias e logo isso passa. Hoje eu desejo esse ser sem sentido que construirá uma relação sem sentido, amanhã eu irei querer alguém rico de sensatez e que me ajude a entender de uma forma coerente os meus pensamentos e talvez eu queira em qualquer verão desses alguém muito simples e que se perca nas minhas complicações, mas esse alguém vai gostar de mim desse jeito e vai ser a parte mais simplificada de mim. Enfim, como eu ainda não posso viver isso... continuará assim.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mesmo que não pareça.

Só hoje eu reparei que tudo que eu escrevo aqui parece muito triste, muito insatisfeito. Deve ser porque eu realmente só tenho escrito sobre o que me deixa triste ou o que não é muito bom, mas eu lembro muito bem que quando comecei a escrever aqui o meu pensamento era totalmente diferente. Eu tinha mais disposição de dedilhar o teclado em busca de uma inspiração e tinha mais vontade de falar sobre o que eu realmente achava bom e interessante, mas não me preocupo muito com isso. Não me preocupo porque acredito que assim como os jogos de videogame, escrever também passa por fases. Fases que vem junto com as fases da vida.
Comecei tudo isso só pra dizer que não sou feita das coisas que não gosto e não são elas as que eu mais dou importância, na verdade eu sou feita do que amo e acredito. Então, talvez diferente do que pareça aqui, eu sou muito feliz. Sou muito feliz com as minhas partes ruins e as minhas partes boas e sou alegre por tudo o que Deus faz por mim e a minha vida não é uma merda. Minha vida não é chata também, mesmo com a preguiça e com as minhas feridas, eu realmente me importo em não permitir que tudo se transforme em algo chato e foi assim que eu decidi viver desde que sai do útero da minha mãe. Nasci para seguir o que eu acredito e mesmo que a felicidade não seja constante, monótona e previsível é justamente o contrário do que eu desejo seja a minha vida. Já que a vida é feita de nossas escolhas, eu escolho ser feliz.
Mesmo que esse texto não esteja fazendo muito sentido e a foto menos ainda, eu realmente não me importo.

P R E G U I Ç A

Há 2 segundos atrás eu estava imersa na preguiça de começar a escrever esse texto. Eu realmente acho que sofro de sérios problemas com relação a isso, ultimamente tenho andado com preguiça de ter preguiça. Acordo de manhã com preguiça de abrir olho e continuo com eles fechados até ficar com preguiça demais de força-los a se manterem fechados e os abro, depois só levanto quando estou com muita preguiça de permanecer deitada. É sério. Tenho preguiça de me importar com as coisas e sempre quando me dou conta que perdi alguém ou algo, eu me faço lembrar das vezes que tive preguiça de guardar no lugar certo, preguiça de ligar pra ver se estava tudo bem, de sair de casa pra encontrar ou sair da cama e procurar. Tento não gostar muito de nada para não ser obrigada a lutar contra a minha preguiça e ter que sofrer as consequências disso. Por isso eu sou assim cheia de vontades, cheia de desejos que não se concretizaram, eu acumulo minhas vontades que não foram grandes o suficiente para superar a minha preguiça. Tenho vontade de comprar algumas coisas, mas tenho preguiça de me esforçar para consegui-las. Queria fazer intercambio, ser mais amável e demonstrar mais o meu amor. Vontade de aprender francês e turco, de sair mais, de te ver mais e ler mais. Adoraria dizer para as pessoas que me irritam o quanto elas me irritam, decorar melhor o meu quarto e fazer novos amigos. Contudo, a preguiça me faz querer chamar os meus velhos amigos para a minha casa por preguiça de conhecer novas pessoas e de sair de casa. Ela me faz nem estudar pro inglês e nem me aplicar em outras línguas, me faz deixar o meu quarto como está e nunca conseguir te ver. Me faz ter só o que a minha mãe compra e permanecer sempre com as velhas coisas. Nunca falo o que me irrita em algumas pessoas porque tenho preguiça de me importar o suficiente e talvez por isso não seja também tão amável com quem eu amo. Não leio tanto quanto eu quero, não me aplico tanto em fazer algo que eu gosto e talvez só esteja escrevendo ainda por preguiça de terminar o texto. A parte mais controversa disso tudo é que só quando saio da minha "zona da preguiça feliz" e vou fazer algo que eu realmente quero é que sou mais feliz, ou seja, eu sei que se eu martelar a minha preguiça e tranca-la dentro de uma caixa e for atrás das minhas vontades eu vou me divertir mais e me sentir melhor, mas não é assim que funciona. Na minha pequena cabeça, a vontade só é grande o suficiente quando é maior do que a minha preguiça e acredite que há algumas coisas que já ganharam da minha preguiça sem nem precisar entrar na luta, então eu concluo dizendo que a minha querida preguiça é muito grande, mas não grande o suficiente para que não possa ser superada.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ninguém me venha dar vida.

Ninguém me venha dar vida, 
que estou morrendo de amor, 
que estou feliz de morrer, 
que não tenho mal nem dor, 
que estou de sonho ferida, 
que não me quero curar, 
que estou deixando de ser 
e não me quero encontrar, 
que estou dentro de um navio 
que sei que vai naufragar, 
já não falo e ainda sorrio, 
porque está perto de mim 
o dono verde do mar 
que busquei desde o começo, 
e estava apenas no fim. 

Corações, por que chorais? 
Preparai meu arremesso 
para as algas e os corais. 

Fim ditoso, hora feliz: 
guardai meu amor sem preço, 
que só quis a quem não quis. 
Cecília Meireles.Apresento à vocês o meu poema favorito ever. Desde a infância

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Na estrada rumo ao refúgio.



Um refúgio é onde se sente totalmente seguro, sem armas e sem objetos cortantes. Neste lugar se pode fazer o que gosta exatamente quando quiser. É como se estivesse cercado pelos seus objetos favoritos, seus livros e seus filmes. As suas séries preferidas, o seu cachorro. Não é necessário seguir ordens de ninguém, é como se precisasse respirar e viver. É calmo. É exatamente o que eu preciso durante essa semana, esse mês. Não precisa mentir, não tem risco de magoar ninguém. Não há ninguém que possa te machucar, eu prometo. Não precisa ligar a luz, se não quiser, mas pode deixa-la ligada se preferir. São as melhores músicas que estão tocando e não tem como enjoar delas. São os melhores filmes e eles nunca acabam, é todo dia uma história nova. Pode estar acompanhado, se assim melhor.
Pode também estar em uma praia, em uma montanha. Não precisa ser assim, pode conhecer gente nova, pode simplesmente mudar de cidade. A vida continua sendo a sua vida, os princípios continuam sendo os seus princípios. Continue acreditando no que acredita, isso é só uma fuga da rotina, das pessoas, das doenças e das feridas. É a sua vida, são as suas coisas do jeito que você quiser.
Há um problema apenas, este lugar existe somente dentro de você. Talvez isso não seja um problema, talvez assim seja mais fácil, porém, você não pode ficar lá todo o tempo, talvez nem possa ficar o tempo que você acha que é necessário. Mas continua sendo bom, é bom fechar os olhos e estar lá de vez em quando. Quando tá difícil de aguentar, ir pra lá pode te ajudar a se sentir melhor, pode te fazer mais forte ou mais fraco.


Tenho um refúgio, só preciso aprender como usa-lo de um jeito melhor. Por isso, estou dando um tempo. Estou cansando, estou me deixando sumir. Quero afundar um pouco, me tornar melhor, superar o que me parece insuperável e pra isso não quero a ajuda de ninguém, quero fazer sozinha. Conto com Deus e mais poucas pessoas que entenderão pra onde eu estou caminhando. Estou caminhando. Talvez não fuja ainda, mas aos poucos eu estou indo. Não sei se depois disso voltarei a ser como era, mas serei melhor. Espero que doa menos, por isso eu viverei mais. Isso não é triste, por favor. É incrível, estou no caminho certo. Não é necessário nenhuma preocupação, quando eu conseguir, tudo estará funcionando. Não me pergunte o que me fez querer isso, não precisa saber. Está bom assim, melhor do que eu pensava. Algum dia as feridas estarão curadas e o processo concluído, mas enquanto isso... me procure em outra esquina, em outro lugar. Estarei pegando a primeira estrada para a terra de não sei a onde, me refugiando pelos cantos e procurando cavernas. Não se assuste, só Deus sabe o que está por vir.

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Descobri uma maneira agradável de esquecer uma tempestade de doenças que ultimamente tem andado dentro da minha cabeça. Estas doenças no futuro irão se alastrar pelo meu corpo e eu sei disso. Doerá mais, eu sei. Por enquanto, elas não me afetam porque nada puderam corroer ainda. É, tudo isso parece tão triste e eu juro que não quero escrever sobre coisas tristes, sei como parece que as pessoas, mesmo que felizes, estão sempre a escrever tristezas. Acredito que seja mais simples até. Contudo, duas pessoas se lessem entenderiam exatamente do que estou falando. Nem sei o que estou escrevendo, são só palavras censuradas e meio ditas ou meio escritas. Nada certo, tudo pela metade. Então, descobri maneiras de esquecer. Aprendi a fazer sopa de batata e amigos me fazem não pensar no que não quero e no que virá. Vou arrumar um animal de estimação, um amigo novo e um hobby. Vou cobrir todas as lacunas de tempo com qualquer coisa. Cada vez fica mais claro que a melhor maneira é me ocupar com novidades, mas consegui esse presente logo durante as férias, logo no momento que fico mais com a mente "vazia" e sem nada pra fazer. Que mágico! É maravilhoso parar agora e só conseguir pensar nos momentos bons que o dia de hoje teve, mas não sei se o resto dos dias no hospital serão assim. Viverei minha própria vida como num pronto-socorro e deverei me livrar das minhas doenças como fiz no dia chuvoso, sentando na estação e esperando que pudesse respirar e não mais queimar. Será assim todos os dias? Quando os convites vierem e eu tiver que recusar, será assim? eu estou me preparando pra sentir constantemente aquilo. Aquilo que só eu entendo como foi. Sem pensamento positivo. Me cansei disso. Está começando a doer de novo, então voltarei ao status "esquecer". Sopa de batata. Legume. Cortar cebola. Cozinhar. Preparar. Evitar. Esquecer. É assim.


“Há feridas que nunca curam, apenas se esquecem de doer” Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Respire fundo, e

Não sei se já teve chance notar o movimento que os seres fazem quando estão respirando, aquele suspiro mais disfarçado, sem chamar muita atenção. Pode ser que nunca tenha dado muita importância para isso, mas eu sempre gosto de reparar como as pessoas fazem isso. Isso mostra o quão vivos nós estamos, penso que sempre que eu posso reparar com calma nessa respiração eu relembro que estamos vivendo, todos nós estamos. Esses dias eu olhei para uma pessoa por quem tenho desenvolvido um apresso muito grande nos últimos dias, de um jeito estranho eu adoro quando posso ficar a observando e eu pude vê-la respirar, isso me fez chegar tão perto. Tão perto como eu nunca antes havia chegado, fez me lembrar que é um humano como eu. Fez-me mais próxima, mais parecida, senti pela primeira vez que temos algo em comum e foi tão bom. Todos nós temos algo em comum, todos nós respiramos uns melhor e outros pior, todos nós fazemos de forma involuntária o mesmo movimento, isso não te faz mais meu e eu mais sua? Estamos juntos dentro de um mesmo lugar, estamos todos vivos. Compartilhamos de uma mesma dádiva, compartilhamos a vida. Isso já devia ser o suficiente para nós amarmos mais.
Dentro dessa vida que nós compartilhamos, há um pacote de sentimentos nela contidos. Todos nós os sentimos, não consegue ver? Não consegue ver que assim como eu e você aquela pessoa que você riu ou maltratou sente tristeza também? Você sabe exatamente onde dói e como dói e tenha a certeza que os outros sentem isso também. Isso deveria ser o primeiro passo para nos fazer querer o bem dos outros, assim como desejamos para nós. "Ama ao teu próximo como a ti mesmo." Isso com certeza faz mais sentido agora.
Não digo para cultivarmos a nossa indulgência e vivermos para relevar erros dos outros e no fundo estar com mais raiva no sangue do que qualquer outra coisa. Digo para pensarmos em como queremos ser tratados e agir dessa forma com quem cruza conosco nas ruas, na vida. Apoio a ideia de tentar ao máximo controlar os nossos instintos de julgar as pessoas - eu sei que você assim como eu tem também. Tente não se ver como superior, já que tudo o que nós somos é uma espécie de poeira miúda que é facilmente levada com o vento e logo passa, não somos melhores. Iguais, eu diria. Pelo menos temos potencial para sermos iguais, há os que melhoram e os que caem, porém, todos começam com uma chance. Todos começam sendo iguais, já que compartilhamos do mesmo mundo, a vida. Todos fazem a mesma atividade, a mesma atividade todos os momentos, todos nós vivemos e não fazemos isso para passar o tempo, fazemos isso o tempo todo. 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Pertencem ao vento.



É terrivelmente contraditório pensar que por vezes estava com tanta dor que não pedi nenhum momento que ela cessasse, pedia que me entregassem mais dela. Dor até que seja o suficiente. O suficiente para querer parar de fazer o que me machucava e que ainda assim fazia. Fazia justamente porque não me doía o suficiente, fazia porque a dor mesmo que grande era facilmente superada por outro sentimento. Era contraditório e era quase amor. É tanto que ele mesmo era o autor da dor e ele mesmo a curava. Chamo de amor na forma mais carinhosa, porque não acredito que esse seja o seu nome. Ofereci tanto do meu tempo aos segredos, aos rumores de fim. O ofereci só porque queria e mais nada, já bastava um sentimento que me era imposto, não precisava de mais. Recordo-me de mais uma das dores que foi entregue a mim, esta é a mais inusitada de todas. Ela não é explicável, até porque explica-la para alguém implicaria em confirmar que ela existiu e isso é algo que desejo ignorar. Ao falar dela, eu quase posso senti-la passando pelas minhas mãos e subindo pelas veias e ela não segue o curso previsto, não vai a caminho do coração, ela se transforma de algum jeito e estala-se dentro do meu pulmão. Não vou me esforçar para descrever como era ou como é desde que comecei a escrever sobre ela, porque eu sei que ninguém iria entender e se não fosse algo dentro de mim, eu confesso que jamais entenderia. É como se fosse dona de algo que constantemente está a me machucar, quase me decompondo constante e rapidamente e mesmo com isso, eu desejo que não acabe porque se acabar é sinal que não foi tanto como eu imaginava, se chegar ao fim é porque não era tão intenso como eu pensava e isso faz de mim fraca. Fraca por ter sofrido por algo que não tinha tanta intensidade. Começo a pensar que teria sido melhor nem entrar em todo esse assunto, toda essa história. Lembranças que não merecem ser resgatadas só deveriam afundar mais. É justo que agora eu desvie desse assunto e acabe com isso. Ao contrário do fim de qualquer texto, não vale mais a pena acrescentar nem uma só palavra.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desaguar dias memoráveis.



Antes fosse, antes eu me sentisse agora como aquele dia. Sei que toda essa história de dia mais feliz na vida é tudo bobagem, dias felizes são tantos. É só que nesse momento eu queria que estar novamente em 08 de maio de 2009, mesmo eu sabendo o final da história, mesmo sabendo que não foram bons os meses depois disso, naquela noite eu me senti tão bem. A intensidade de tudo o que eu vivi naquele dia está se apagando cada vez mais na minha memória, já imaginava. Já imaginava e por isso não me dói, não me importa já que não preciso lembrar o quão foi intenso porque não pretendo comparar com outros dias, não pretendo sair medindo os meus dias para saber qual deles é o mais emocionante. Poderia também querer voltar a madrugada de 30 de janeiro de 2011, mais recente e mais vivo na minha memória. A simplicidade de tudo é o que faz tudo ser tão especial. Eu juro que percebo o quanto isso está ridículo, o quanto esse texto está nostálgico e sem sentido, mas, eu não ligo. Não me lembro quando eu perdi o bom-senso pra escrever e já nem estou mais me importando com se alguém irá ler ou se alguém irá entender. O último dia de qual citei mereceu uma lágrima no último momento antes de dormir, uma vontade louca de ignorar o cansaço e correr pelas árvores daquela chácara e dizer a todas elas o quanto agradecia pelo dia especial, de passar o resto do ano naquele dia com aquelas pessoas sorrindo por aqueles motivos. Mesmo sabendo que posso nunca mais tornar a vê-las e que com certeza nunca mais aquele dia irá voltar, eu fico feliz só de lembrar como eu me senti. Estou certa que  nada que eu estou dizendo aqui fará com que eu retorne por completo a essas duas noites ou a muitas outras que não me vem a cabeça agora, mas, só em lembrar ou só em escrever sobre elas, eu já me sinto melhor. Aquele tremor dentro do peito implorando para que Deus não deixasse que aquilo acabasse, implorando para que aquela sensação fosse eterna e de certa forma ele me ouviu porque estou aqui agora e posso sentir boa parte e com certeza é eterno. Eterno enquanto minha memória se esforçar em funcionar. É assim que eu espero que seja com todas as outras coisas boas que virão. Quero desaguar essas migalhas de más lembranças em qualquer lugar bem longe do meu coração e quero sentir como naquelas noites todo o tempo, quero ser mais profunda porque assim em mim haverá mais espaço para essas lembranças, para os detalhes que eu não lembro, para aquilo que a minha mente designou como desnecessário e mandou embora, até isso quero. Até isso quero. Quero todos os detalhes para que quanto mais presente as recordações estiverem, mais meu coração estará lá também. Que se apaguem os dias ruins e os desprezíveis como este porque quero é mais espaço para outros, outros de fato memoráveis. Então será como em sonhos bonitos que eu acordo e me sinto como se tivesse acontecido, mas, a alegria será maior com a certeza que tenho que realmente aconteceu.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Não é como se eu precisasse de alguém que me entenda ou alguém que entenda o que eu preciso. Preciso de mim em mim mesma até que eu consiga sozinha entender o que exatamente eu estou procurando. Talvez nem seja isso, talvez o que eu estou procurando apareça antes mesmo que eu descubra que estava o procurando e assim me tornarei uma pessoa mais encontrável por mim e pelos que me vêem. E até que eu descubra ou que algo assim aconteça eu continuarei procurando o nada e encontrando muita coisa, esperando que alguma dessas coisas me aponte algo que procuro.

domingo, 27 de março de 2011

Non-sense. Dadaísmo

Café onde surgiu o Dadaísmo.


Eu sei o quanto pode parecer antiquado, fora de moda ou como preferir. Sim, estou aqui falando sobre um movimento artístico. O dadaísmo marca o início do non-sense, onde os seus adeptos produziam obras de arte sem nenhum equilíbrio, sem combinação e sem sentido. A falta de bom-senso foi o que levou-me a ser uma amante desse estilo. O que me falta de potencial artístico me sobra de vontade e de apreço pela arte em si. Sim, estou falando de poemas, quadros, esculturas e afins. Faço parte do lado sonhador da sociedade, eu pretendo um dia sair para uma viagem a fim de apenas tirar fotos e mais fotos e se possível integrar tais fotos ao lado dadaísta da força. Serão fotos portanto sem nenhum sentido, aquele tipo de coisa que não precisa de explicação. É exatamente assim que eu me vejo, completamente no-sense e que mal tem? Que mal tem se nem você mesmo se entende? Minhas falas as vezes soam como aleatórias, sem porquê e eu realmente não ligo, talvez um dia eu ligue e comece a andar por aí discursando como uma pessoa sensata, se é que existe pessoas sensatas porque eu realmente não acredito. Acredito que todos façam parte de uma história louca em que eles próprios são os protagonistas e ao mesmo tempo os antagonistas e isso acontece só nas nossas mentes. Ah, e claro que deve haver quem finja ser "normal" e quem vive a vida escola-casa-internet-namorado-amiga-shopping e se ache super complexa. Pelo amor, seria muito mais produtivo se vivessemos cercados de pessoas que viajam dentro de si e não precisem fingir ser alternativos ou diferentes já que todos nós já somos. Espero que um dia eu viva em um lugar sem mais coloridos, emos, pseudopunks, cocótas, playssons e essas coisas que gritam por aí que são diferentes, mas, no fundo o que eles fazem só os tornam mais iguais, coisa que não são. 
Enfim, no fundo eu só estou procurando palavras menos diretas para dizer que não procuro fazer sentido e nem pretendo, é muito digno ser assim. Me construo várias vezes e sempre de uma forma diferente, vivo várias fases e no fundo elas são todas iguais e representam o mesmo. Sou mil personagens e não deixo de somente eu mesma. Cada pessoa desperta em mim uma parte de mim, ninguém me conhece por inteiro, nem eu acredito que um dia irei me decifrar. O bom disso tudo é cada dia poder ser você mesmo de uma forma inteiramente diferente.




''Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso." Tristan Tzara


 "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta". Tzara


P.s: Tristan Tzara, O cara do dadaísmo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Memories of the past.



Vai andando pela vila e reconhecendo aquelas paredes e tudo o que você viveu ali parece correr pela sua cabeça - já sentiu isso? - sua infância, os amigos, seus primos e seus tios. Parece que está tudo no lugar, mas, você percebe que já faz tanto tempo que não vai ali, tudo parece tão passado... tão esquecido. Como um lugar pode guardar tantos cheiros? tantos sonhos? tantos sorrisos? A velha árvore do jardim onde sua bisa encostava os braços já não existe há tanto tempo, você não lembra quando tempo faz. A estante de livros do avô que você nunca conheceu, aqueles livros velhos que pareciam vir de um museu, aqueles que você costumava abrir e sentir o cheiro forte e desse jeito era tão fácil pensar que o conheceu, pensar que ele havia lido todas aquelas palavras difíceis e ele riu e chorou com elas, essa estante? Não está mais ali. No lugar foi posto uma televisão de plasma e tudo parece tão atual. Onde está a cama onde o gato do seu tio vivia deitado? Aquela cama onde você não sentava. Faz tanto tempo que aquilo tudo não está mais lá, tanto tempo que tudo está tão diferente... foi tão gradual que nem percebeu. Quanto tempo que você e a sua prima não dormem ali? Quanto tempo faz que aquela criancinha que dormia no quarto ao lado está em outro estado? Quanto tempo faz que o ar-condicionado ruim foi trocado por um novo. Da última vez que você foi lá, os livros do seu avô ainda estavam, você pegou um e nunca leu, nunca abriu. Você se lembra que estavam espalhados em algum lugar e os procura e não os acha, será que foi assim com todas as outras coisas? foram sumindo e sendo substituídas aos poucos?
As fotos fazem aquilo tudo tão mais concreto, a casa da sua vó não tem mais aquele cheiro, é tudo tão novo, tão moderno que perdeu a essência. O cocô do gato que sempre tinha no quintal, a bíblia velha no móvel da sala, o vinho no mesmo móvel, o móvel... Não tem nada lá.
Agora não adianta mais lamentar as mudanças, o que se pode fazer é tentar não perder as lembranças daquela infância, não perder aquele cheiro, não perder aqueles momentos, as brigas e as conversas. Tudo vai se modernizando com o tempo até o que você pensou que não iria, é, até mesmo isso. Você é capaz de lidar com isso? Creio que sim. Só peço que eternize esses momentos no coração, eternize tudo isso, de ruim e de bom, porque você sabe, não? Você sabe que irá crescer e tudo tende a mudar cada vez mais, talvez um dia não reste nem mais uma prova concreta, mas, a sua memória cuidará disso.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Paciência pra viver.

Quando você se importa demais, espera demais, ama demais, se entrega demais... nada como uma decepção pra fazer-nos aprender que se precipitar é sempre perigoso, seja na amizade, no amor ou na vida. Por que não esperar? Por que não ter certeza? A frase "a vida é feita pra viver, decepções só mostram que vivemos a nossa vida" não me convence, não me atrai. Prefiro viver com a certeza de que deu certo e que valeu a pena esperar por isso do que viver cheia de cicatrizes e feridas curadas e não curadas de algo que poderia ter sido evitado. Quando tiver duvidas se é mesmo o certo, é porque não é. Mas, quando for para acontecer, você terá certeza. Assim eu espero, eu não sei, mas, por enquanto, é assim que funciona pra mim.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Melhores e simples dias. [Férias]


Sair da rotina é essencial para se conhecer. Fugir dos problemas habituais... da casa, da escola e de se estressar, leva nos a lembrar de quem nós somos e o que somos quando estamos longe de tudo e vivendo novas situações. Nos últimos dias desse mês tive a oportunidade de conhecer tão pensados lugares e aqueles que nem eu mesma imaginava a beleza, mas, acima de tudo tive a grandiosa oportunidade de conhecer a mim. Pude perceber  o quanto é bom ouvir os lugares desconhecidos se apresentando, sussurrar "obrigado" para eles e realmente ficar agradecida. Mas, como eu farei pra agradecer a um lugar por me dar duas noites memoráveis da minha vida em momentos diferentes dela? O único jeito que encontrei foi aquela despedida silenciosa durante a noite com os olhos transbordando algumas lágrimas de saudade por antecipação e de agradecimento. Era só pensar que quando eu pegasse no sono a viagem teria acabado, tudo teria acabado e eu voltaria para a rotina normal. No avião eu disse meu último tchau aquilo tudo. Chegar em casa não foi tão terrível, voltar pra "minha vida" foi bom, o período que eu estive longe me fez perceber o quanto sou feliz e o quanto gosto do meu estresse, do meu cotidiano e dos meus dramas exagerados. Sair da rotina é bom, mas, voltar pra ela é melhor ainda.