quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ninguém me venha dar vida.

Ninguém me venha dar vida, 
que estou morrendo de amor, 
que estou feliz de morrer, 
que não tenho mal nem dor, 
que estou de sonho ferida, 
que não me quero curar, 
que estou deixando de ser 
e não me quero encontrar, 
que estou dentro de um navio 
que sei que vai naufragar, 
já não falo e ainda sorrio, 
porque está perto de mim 
o dono verde do mar 
que busquei desde o começo, 
e estava apenas no fim. 

Corações, por que chorais? 
Preparai meu arremesso 
para as algas e os corais. 

Fim ditoso, hora feliz: 
guardai meu amor sem preço, 
que só quis a quem não quis. 
Cecília Meireles.Apresento à vocês o meu poema favorito ever. Desde a infância

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Na estrada rumo ao refúgio.



Um refúgio é onde se sente totalmente seguro, sem armas e sem objetos cortantes. Neste lugar se pode fazer o que gosta exatamente quando quiser. É como se estivesse cercado pelos seus objetos favoritos, seus livros e seus filmes. As suas séries preferidas, o seu cachorro. Não é necessário seguir ordens de ninguém, é como se precisasse respirar e viver. É calmo. É exatamente o que eu preciso durante essa semana, esse mês. Não precisa mentir, não tem risco de magoar ninguém. Não há ninguém que possa te machucar, eu prometo. Não precisa ligar a luz, se não quiser, mas pode deixa-la ligada se preferir. São as melhores músicas que estão tocando e não tem como enjoar delas. São os melhores filmes e eles nunca acabam, é todo dia uma história nova. Pode estar acompanhado, se assim melhor.
Pode também estar em uma praia, em uma montanha. Não precisa ser assim, pode conhecer gente nova, pode simplesmente mudar de cidade. A vida continua sendo a sua vida, os princípios continuam sendo os seus princípios. Continue acreditando no que acredita, isso é só uma fuga da rotina, das pessoas, das doenças e das feridas. É a sua vida, são as suas coisas do jeito que você quiser.
Há um problema apenas, este lugar existe somente dentro de você. Talvez isso não seja um problema, talvez assim seja mais fácil, porém, você não pode ficar lá todo o tempo, talvez nem possa ficar o tempo que você acha que é necessário. Mas continua sendo bom, é bom fechar os olhos e estar lá de vez em quando. Quando tá difícil de aguentar, ir pra lá pode te ajudar a se sentir melhor, pode te fazer mais forte ou mais fraco.


Tenho um refúgio, só preciso aprender como usa-lo de um jeito melhor. Por isso, estou dando um tempo. Estou cansando, estou me deixando sumir. Quero afundar um pouco, me tornar melhor, superar o que me parece insuperável e pra isso não quero a ajuda de ninguém, quero fazer sozinha. Conto com Deus e mais poucas pessoas que entenderão pra onde eu estou caminhando. Estou caminhando. Talvez não fuja ainda, mas aos poucos eu estou indo. Não sei se depois disso voltarei a ser como era, mas serei melhor. Espero que doa menos, por isso eu viverei mais. Isso não é triste, por favor. É incrível, estou no caminho certo. Não é necessário nenhuma preocupação, quando eu conseguir, tudo estará funcionando. Não me pergunte o que me fez querer isso, não precisa saber. Está bom assim, melhor do que eu pensava. Algum dia as feridas estarão curadas e o processo concluído, mas enquanto isso... me procure em outra esquina, em outro lugar. Estarei pegando a primeira estrada para a terra de não sei a onde, me refugiando pelos cantos e procurando cavernas. Não se assuste, só Deus sabe o que está por vir.

quinta-feira, 23 de junho de 2011


Descobri uma maneira agradável de esquecer uma tempestade de doenças que ultimamente tem andado dentro da minha cabeça. Estas doenças no futuro irão se alastrar pelo meu corpo e eu sei disso. Doerá mais, eu sei. Por enquanto, elas não me afetam porque nada puderam corroer ainda. É, tudo isso parece tão triste e eu juro que não quero escrever sobre coisas tristes, sei como parece que as pessoas, mesmo que felizes, estão sempre a escrever tristezas. Acredito que seja mais simples até. Contudo, duas pessoas se lessem entenderiam exatamente do que estou falando. Nem sei o que estou escrevendo, são só palavras censuradas e meio ditas ou meio escritas. Nada certo, tudo pela metade. Então, descobri maneiras de esquecer. Aprendi a fazer sopa de batata e amigos me fazem não pensar no que não quero e no que virá. Vou arrumar um animal de estimação, um amigo novo e um hobby. Vou cobrir todas as lacunas de tempo com qualquer coisa. Cada vez fica mais claro que a melhor maneira é me ocupar com novidades, mas consegui esse presente logo durante as férias, logo no momento que fico mais com a mente "vazia" e sem nada pra fazer. Que mágico! É maravilhoso parar agora e só conseguir pensar nos momentos bons que o dia de hoje teve, mas não sei se o resto dos dias no hospital serão assim. Viverei minha própria vida como num pronto-socorro e deverei me livrar das minhas doenças como fiz no dia chuvoso, sentando na estação e esperando que pudesse respirar e não mais queimar. Será assim todos os dias? Quando os convites vierem e eu tiver que recusar, será assim? eu estou me preparando pra sentir constantemente aquilo. Aquilo que só eu entendo como foi. Sem pensamento positivo. Me cansei disso. Está começando a doer de novo, então voltarei ao status "esquecer". Sopa de batata. Legume. Cortar cebola. Cozinhar. Preparar. Evitar. Esquecer. É assim.


“Há feridas que nunca curam, apenas se esquecem de doer” Fabrício Carpinejar