quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Retrospectiva 2022 - Meu ano de ouro

 Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2023


Ah, 2022. Um ano cansativo, desafiador e extremamente doce. 2022 caminhou juntinho com o primeiro ano da nossa Cecília. Do mês 1 ao mês 12 vimos a evolução, certinho com os meses do ano, o que acho uma feliz coincidência. Quando nos despedimos de 2022, junto dizemos tchau a nossa bebêzinha de meses e partirmos pro desafio de ter uma bebê-criança de 1 ano.

De janeiro a 04 de agosto eu estive coladinha na Cecília, desfrutando da licença maternidade e passando com ela todos os momentos do dia. Foram os meses mais gostosos e desafiadores da minha vida, eu amei cada um dos dias e vivi intensamente mesmo as dores que eles trouxeram. Cuidar de um bebê sozinha é como mergulhar de cabeça todos os dias no mar de preocupação e incertezas, mas pela Graça de Cristo, Ele esteve comigo em cada diazinho não me deixando afundar nos meus próprios pensamentos e preocupações. O processo de retornar ao trabalho também foi um dos momentos mais intensos que vivi, como eu sofri e orei por isso. Meu desejo é sempre estar o mais perto possível da minha bebê, minha herança tão preciosa que Deus confiou. No entanto, meu desejo não foi compatível com a nossa situação familiar, então a melhor saída foi contar com o apoio amoroso de uma vovó dedicada e Cecília esteve durante a semana com os cuidados da sua super vovó quando mamãe estava fora.

O Iury se mostrou um pai presente e dedicado, em tudo me auxiliava no cuidado da nossa pinguinha, sempre tentando aliviar o que estivesse puxado pra mim. Mas logo nos meses iniciais ele voltou a trabalhar presencial, estando em casa apenas dois dias na semana. Com isso, ele chegava mais no momento do final da janta e conduzia todo o banho, eu seguia com o mamá, oração e berço pra nossa pequenininha.

Nós nos dedicamos muito para tentar estabelecer uma boa rotina de sono pra Cecília e com certeza essa foi uma peça chave da leveza do primeiro ano dela. Não a nossa dedicação, não o nosso mérito, mas a Deus que nos proporcionou a graça de vermos os frutos de uma educação de sono feita com muito esforço. Era app com controle de intervalo de mamadas, de sonecas, cálculos de janela de sono e uma verdadeira força-tarefa todas as vezes que precisava sair da rotina. Não nos arrependemos, com cerca de 2 meses e meio Cecília já começou a emendar longas horas de sono contínuo e, embora eu ainda tivesse que acordar de 3h em 3h por um tempo para tirar leite, era muito mais suave a condução do dia tendo tido uma noite minimamente descansada.

Sobre o leite, eu tive que me adaptar a uma rotina de ordenha diariamente no trabalho e também produzi um estoque no último mês em casa. Tudo isso pra manter o aleitamento materno da minha bebê, por alguns meses consegui também doar cerca de 1,5L para o banco de leite, uma benção.

No trabalho, tive uma reviravolta quando inicio de Novembro aconteceu a saída da Roberta como minha chefe e foi substituída pelo Marcos. Ao mesmo tempo que um desafio grande por ter que me adequar a novas expectativas, isso me proporcionou mais organização e dia fixo de homeoffice, facilitando a rotina com minha mãe e a Cecília: benção!

O mês de dezembro fechou doce com a comemoração do primeiro ano de vida da Pinzinha no dia 17 de dezembro (antecipado) em uma festinha tão alegre e deliciosa. Estivemos com nossos irmãos, amigos próximos e alguns familiares, oramos, rimos e brincamos muito. Cecília sempre com seu jeito de ser desenvolta e animada, aproveitou muito sua festinha. Com direito a sonequinha no colo do papai e brinquedos divertidos. 

Cecília deu seus primeiros passinhos por volta dos 11 meses, engatinhou aos 6 meses e desde o dia 1 não parou mais. Como podemos ver, esse ano se resumiu na vida dela, o acontecimento mais incrível que eu tive oportunidade de participar, verdadeiramente esse foi o nosso ano de ouro. Toda cólica dos primeiros 3 meses, noites difíceis eventuais e dores da distância são sempre sobrepujados pela graça e benção que observo hoje (agosto de 2023) que vivi nesses meses. Deus é bondoso comigo e conosco.

Finalizei esse texto muito atrasada porque simplesmente esqueci que ele existia e me lembrei há semanas atrás, mas acredito que embora resumido esse foi um relato fiel do que senti em 2022.

Soli Deo Gloria!



segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Relato de parto 26/12/2021 - Cecília

 Rio, 19 de janeiro de 2022


O relato de parto da Cecília, a história de quando conheci uma parte tão doce de mim


Cecília estava pélvica (sentada) desde as 32 semanas de gestação e com uma posição atípica da cabeça. Juntas começamos uma empreitada para ajudá-la a se posicionar de cabeça para baixo. Exercícios, acupuntura e duas tentativas de versão cefálica externa (uma manobra que o médico faz para modificar a posição do bebê) depois: ela seguia na mesmíssima posição. Na 36ª e 37ª semana fui começar a aceitar que talvez as coisas não seriam como eu havia planejado e estudado, chorei, conversei com a equipe e doula, marido junto nesse processo de aceitação do que viria. Somente 3% dos bebês seguem pélvicos até o dia do nascimento, não é?  Será que seríamos os sorteados? Essa incerteza foi a parte mais difícil de lidar dentro do processo, já não sentia mais medo da dor do parto, o medo era de não viver essa experiência como eu queria. 


Decidimos que atendendo aos requisitos necessários, seguiríamos para o parto vaginal pélvico. No entanto, a única profissional (uma das 5 do Rio) que assiste a esse tipo de parto na minha equipe viajaria vários dias entre nossa 38ª - 41ª semana. Mais uma vez, um convite pra entregar nas mãos de Deus. 

Orei, pedi a Ele que fizesse conforme sua vontade e lembrando que gostaria muito que fosse do meu jeito. Entreguei.

Consegui passar as últimas semanas aproveitando a barriga, fomos à praia mais de uma vez, a restaurantes e consegui me livrar do sentimento estranho que eu tinha toda vez que encostava na barriga e sentia a cabeça dela perto da minha costela. 


Depois de um dia de cinema e coração tranquilo, a bolsa rompeu as 22h do dia 25/12 (nascimento de Jesus 💛) com 40 semanas e 3 dias. Estava no sofá com a minha mãe terminando de assistir um documentário na Netflix e ploc! Não tinha dúvidas de que era a bolsa, já que tinha sido uma quantidade bem grande de líquido. Euforia, alegria, risada e muitos abraços e beijinhos. O medo foi embora, só sabia que iria conhecer minha filha nas próximas horas. Deus sempre presente.

As 23h as contrações não ritmadas começaram e a tarefa de dormir foi se tornando mais improvável, seguimos em contato com a equipe e a doula, ainda sem saber como seria nosso parto.

As 7h a doula chegou em nossa casa, as contrações pareciam começar a ritmar e depois espaçavam novamente. Tomei duas doses de shake de rícino para ajudar as contrações (a primeira não parou no estômago, estava muito enjoada todo o dia). Seguimos assim até por volta das 14h da tarde quando nos arrumamos pra maternidade pois precisávamos iniciar o antibiótico com 18h de bolsa rompida.

Durante todo o processo, eu seguia meio calada e introspectiva, tentando me conectar e pensando que cada contração já doia tanto, será que eu aguentaria ir até o final? Desviava esse pensamento com os olhos fechados aguardando a próxima. A verdade é que a incerteza do que aconteceria me deixava pensativa, por isso o silêncio e os olhos fechados.

No carro, as contrações milagrosamente espaçaram ainda mais e eu consegui descansar entre elas, apaguei. 

Chegamos na maternidade e na avaliação do toque estávamos com 3cm ainda e uma notícia: o pé dela estava vindo primeiro, significando que o bumbum não estava encaixado na pelve, o que é necessário para um parto vaginal pélvico seguro. Incerteza.

Esperamos chegar a médica que é apta pra esse tipo de parto (Patrícia Frankel) e aproveitamos pra nos dar mais 1h ou 2h pra ver se ela encaixaria, as contrações seguiam e eu cada minuto mais cansada e tentando lembrar que ela estava chegando.

Quando a Patrícia chegou (ela voltou de viagem a tempo!), nova avaliação e estávamos com cerca de 5cm de dilatação, mas dessa vez o pé dela estava de fato saindo pelo colo. Não teria como esperar mais. Certeza, teríamos que ir para uma cesária de emergência e bem indicada. Ouvi a notícia quase que de olhos fechados, eu não tava muito querendo ficar com eles abertos olhando o ambiente. Sentia muita necessidade de focar os pensamentos e viver cada momentinho. Nesse momento já estávamos no quarto e eu recebendo o antibiótico intravenoso.

Me preocupei se a fotógrafa chegaria, mas a Carol nossa doula já estava cuidando de tudo.

Parece que em minutos a equipe toda de aprontou e tudo se deu muito rápido, a anestesista logo veio conversar comigo pra explicar o procedimento, eu definitivamente não sabia o que esperar. 

O caminho até o centro cirúrgico foi frio e estranho. Sentia contrações e frio, estava coberta por um edredom verde. As paredes eram frias, Iury estava comigo enquanto todos da equipe se trocavam. Eu fechava os olhos e pensava que o ponto positivo é que eu pararia de sentir as dores das contrações em breve. É estranho estar passiva sendo conduzida pro encontro com a minha filha, mas confiei mesmo com medo: ela estava vindo, tinha que ser desse jeito.

Iury trocou de roupa logo e a equipe toda estava na sala, ele ficou do meu lado todo tempo e ganhei alguns beijinhos e carinhos enquanto fechava e abria os olhos nesse intervalo. A fotógrafa chegou bem quando iniciavam os procedimentos em mim.

Pra quem não sabe como é uma cesária humanizada, embora estivessem com um pouco de pressa, se preocuparam em me explicar o que aconteceria em cada etapa, minha playlist tocava e meu marido fez uma oração no meu ouvido. A enfermeira Mariana segurava uma mão minha e a doula a outra, meu marido ficava atrás próximo a minha cabeça se mostrando presente por ali. Eu não falei muito, mas fiquei de olhos abertos. Era tudo muito rápido.

Falei que a sensação da anestesia era esquisita, um formigamento, um frio, uma sensação ruim. Não gostei não, me sentir anestesiada me deixava me sentindo esquisita, aquela passividade angustiante. 

Em minutos me avisaram que ela estava prestes a nascer, era muito rápido. Vi a equipe com as mãos no campo para abaixá-lo e eu ver ela saindo, mas algo aconteceu e esse processo demorou mais que o esperado. Ouço alguma conversa sobre algo estar difícil, mais alguns segundos ou minutos (na minha mente foram horas), ouvi dizerem que não daria pra esperar pra cortar o cordão, entendi que ela tinha saído e tinha ido direto pra pediatra fazer algo. Não ouvi choro, coração gelado e ouço a voz da enfermeira no meu ouvido dizendo “tá tudo bem, tá bom? Ela logo vem pra cá, tá tudo bem”. Ouço tudo isso com o fundo musical “hallelujah! All I have is Christ (aleluia, tudo que eu tenho é Cristo)” tocando repetidamente ao fundo (acho que Iury ficou repetindo e só lembro dessa música da nossa playlist repetindo e repetindo).

Uma eternidade depois (talvez alguns segundos), ouço o choro, as lágrimas ensaiam sair enquanto o gelo do meu coração é substituído por uma paz. Ela logo veio pros meus braços e a primeira coisa que disse “você é tão perfeita, minha filha, te amo”, ficamos 1h juntas, ela aprendendo a mamar, eu tentando respirar e toda sensação estranha da anestesia eu esquecia. Meus braços tremiam e eu ficava repetindo pra Iury me ajudar a não deixá-la cair. 

A equipe toda veio aos poucos conversar, se despedir e falar palavras de afeto. Elas foram todas incríveis no cuidado em fazer desse momento especial e humano.


O parto não se desenrolou com o desfecho esperado quando a gente lê um relato de parto humanizado, aliás não foi o desfecho que eu desejava ou planejava, mas estou convicta que foi o que Deus quis e isso me traz paz.


Dia 26/12 as 18h23 eu renasci mãe, nossa família cresceu e Cecília chegou. 


Obstetras: Aline Portelinha, Patrícia Frankel

Enfermeira: Mariana Zukoff

Anestesista: Bárbara e Pediatra: Ana Lúcia Vivas

Fotografa: Anna Lira 

Doula: Carol Koplin (esteve comigo por pelo menos 12h até chegarmos novamente no quarto, ela foi essencial pra trazer segurança e calma pro processo)

Retrospectiva 2021

 Eu escrevi o texto abaixo em 02 de janeiro de 2022 e a verdade é que não teve retrospectiva de 2021 porque O grande acontecimento de 2021 engoliu toda minha memória e capacidade de descrever o ano. 2021 me balançou todinha e eu descobri muitas coisas sobre mim, o Senhor gerou uma vida no meu ventre e eu a cada dia fui me tornando mãe.

Em abril de 2021 eu descobri que seria mãe, em 25/07 eu descobri que seria mãe da Cecília. Não acho justo tentar registrar aqui 1 ano depois a retrospectiva, mas vou salvar aqui os textos que escrevi em 2021 para salva-los.

Rio, 02 de janeiro de 2022

Parece, pra mim, que 2021 começou no dia 25/12 quando a bolsa rompeu e então, vivi intensamente os últimos 5 dias do ano como se fossem uma vida inteira. 

No apagar das luzes de um ano bem complicado pra todo o mundo, ela nasceu e eu renasci. Que ano! Que intenso!

Hoje fazem exatos 7 dias que conheci aquelas coisas que a gente vive ouvindo que só entende quando é com a gente, aquelas que sempre achei que poderia imaginar, mas que de fato minha imaginação nem chegou perto.

Meu desejo é que o Senhor que conduziu todo o processo até aqui, segurou nossos corações e proveu mais do que merecemos continue nos dando capacidade de aproveitar cada um dos próximos dias com calma. Mal posso esperar pelas próximas fases, mas desejo que cada uma delas passe bem devagar e eu consiga viver o presente com muita calma porque o presente nunca foi tão lindo e tão precioso. 

Ao meu amor Iury agradeço por viver toda essa intensidade juntinho de mim. Que vida temos pela frente! 

E a música que fez trilha desse momento tão lindo no início da noite do dia 26/12/21 e que seja a trilha do nosso 2022:

“Father, use my ransomed life in any way You choose and let my song forever be my only boast is You”

Textos de 2021:

Rio, 06/06/21

Esse final de semana tive um sentimento estranho sobre você. Meu primeiro filho, minha primeira gestação, nossos últimos dias antes de todos saberem que você tá aqui: o que mais tem pra sentir que não seja estranho?

Tudo é estranho pra mim. Tudo é completamente novo e no meio disso me senti nocauteada por uma conexão intensa de nós dois.

Pela primeira vez, senti um amor superior, algo diferente do que minha imaginação poderia me trazer. A certeza de que eu morreria por você e de que a sua segurança e sua vida é mais importante do que a minha. A vontade de não viver num mundo onde algo ruim te aconteça e de, se tivesse escolha, não viver num mundo onde você não exista.

Quando o Senhor nos diz que os filhos são a nossa herança, ah, faz tão mais sentido pra mim agora. Uma herança tão preciosa e tão cara que eu preciso sair da minha zona egoísta e me entregar nessa tarefa.

Obrigada, eu digo ao meu Senhor, por essa herança e tão grande presente que eu certamente não mereço.

Filho, é tão mais confortável te guardar pra

mim, mas como não é possível, em breve mais e mais pessoas saberão sobre você, afinal, você vem pro mundo com um propósito e ele não é sobre mim. 

Que não seja sobre mim ou sobre nós, mas sempre sobre Ele. 


Rio, 17/08/21

21 semanas e 6 dias

Ontem vi seu rosto dentro de mim e confirmei seu nome: Cecília.

Filha, de alguma forma no mês de julho antes de saber que era você que estava vindo, eu sentia que seria. Eu sabia. 

Ao longo das últimas semanas, eu te contei pras pessoas e te descobri um pouquinho, mas o que acontece é que ninguém me contou sobre você. Ninguém me contou quem eu sou agora que tenho você. E parece que vou ter que descobrir sozinha.

Eu já te amo, embora saiba que tenho tão mais amor pra construir e te dar ainda.

Tenho sentido aquela vontade de te esconder de novo, de te deixar só entre nós e construir uma fortaleza pra você viver.

É tanta coisa que parece estar acontecendo aqui fora: uma pandemia, dois primos, pessoas e familiares que eu nao posso controlar. 

Não posso controlar o mundo que vai te receber e como ele vai fazer isso: Isso dói tanto em mim.

Não posso nem mesmo controlar bem a mãe que eu serei pra você: Isso dói tanto em mim.

Você desde o comecinho me ensina tanto sobre o que Deus quer me ensinar há tanto tempo. Não controlo, não tô pronta e não consigo sozinha.

Te amo. 

Com tudo tudo que eu tenho: Te amo. 


P.s: Você é a coisinha mais linda que já "fiz" na vida. 



Rio, 21/08/21


Nossa primeira praia de neném chutando na barriga, conversa boa e companhia maravilhosa. Ass. Papai 

Rio, 04/11/21

Mês que vem. Mês que vem você tá aqui.

Filha, tenho tanta coisa pra te falar e a mamãe  já se derrama de chorar, não consigo nem imaginar interagir com você aqui fora sem me derramar todinha de amor. 

Semana passada com 31s e 5d fizemos uma ultra e vimos que você ainda não estava na posição que esperávamos, foi um “baque” pra mamãe controladora aqui que queria que tudo estivesse pronto e perfeito pra você chegar.

Estou diariamente me forçando a lembrar de exercitar as atividades específicas, lembrar de confiar em Deus. 

Ah, como Ele te ama, minha filha. Ele conhece tudo que você faz e sente aqui dentro da barriga e tenho certeza que está planejado desde já o momento que vamos nos conhecer. As vezes esqueço disso, mas Ele me lembra… Lembra que o controle é dEle e não meu. 

Confio nEle e sigo fazendo o que posso pra você estar bem, ciente que só Ele guarda nosso futuro e presente. Pra sempre. 

(aliás, seu quartinho começou a ficar com cara especial. Seu pai e os tios Anne e Franklin pintaram, sua madrinha fez a arte e o papai começou a montar o berço pra você - mas ainda não acabou)

Ass. mamãe 


Rio, 04/11/21

Papai quer muito saber de que você gosta e de que não gosta, do que te faz rir e o que faz c (mamãe entrou na consulta e papai não terminou de escrecer)


Rio, 24/11/21

Oi, filha.

Mamãe escreve agora enquanto se prepara para irmos tentar te ajudar a fazer sua cambalhota. Vamos fazer um procedimento chamado VCE. Deus tem trabalhado profundamente no meu coração essas últimas semanas, me lembrando que não estamos no controle nem dessa e nem de nenhuma situação da nossa vida.

Sou profundamente grata a Ele porque você está crescendo saudável dentro de mim, independente de mim. Ele te ama, quer o nosso bem e escreveu a nossa história desde antes do mundo ser criado. Sua história também está nas mãos dEle e por isso, me tranquilizo por seja qual for o resultado que tivermos hoje.

Desde o começo esteve conosco e não nos deixa sozinhas hoje, Ele nos envolve e nos leva com amor e confio profundamente que o que Ele quer é sempre o melhor cenário pra nós.

Confie sempre que Ele é o autor da nossa vida e tem cuidado de cada detalhe. Ele nunca te deixa, nunca nos abandona e nos carrega em seus braços 

Te amo sempre,

Mamãe 

““Ah! Soberano Senhor, tu fizeste os céus e a terra pelo teu grande poder e por teu braço estendido. Nada é difícil demais para ti.”

‭‭Jeremias‬ ‭32:17‬ ‭

Esperando pra fazer a manobra, não deixaram subir com acompanhante. Então, ficamos nós e Jesus aguardando pro procedimento. É bom ter alguém que nunca me deixa sozinha. Nunca. E esse é o melhor amigo que nós temos, afinal, quem pode ser melhor amigo que o Senhor? 

Rio, 29-12-21

Os erros começam a vir. A ficha começa a cair e você só tem 3 dias de vida. Como Cristo que ressuscita ao terceiro dia, eu mãe recém nascida, já ressuscito naqueles minutos (ou segundos) que te faltaram ar. 

Agora choro enquanto amamento pensando qual milagre será quando eu conseguirei deixar minha mente desligar e dormir. Acho que nenhum dia num futuro próximo poderei fazer isso de fato, se não fosse a certeza que tudo que acontece é feito por Deus, Ele é quem coordena minha vida, o ar que passa nos meus e nos seus pulmões e foi Ele que nos formou. 

Eu, que também já fui miudinha como você, fui formada por Ele, sou amada por Ele. Ele me fez sua filha e me ama. Ah, Ele também te ama, mas isso quase não precisa-se dizer: quem não ama Cecília?