segunda-feira, 7 de março de 2011

Memories of the past.



Vai andando pela vila e reconhecendo aquelas paredes e tudo o que você viveu ali parece correr pela sua cabeça - já sentiu isso? - sua infância, os amigos, seus primos e seus tios. Parece que está tudo no lugar, mas, você percebe que já faz tanto tempo que não vai ali, tudo parece tão passado... tão esquecido. Como um lugar pode guardar tantos cheiros? tantos sonhos? tantos sorrisos? A velha árvore do jardim onde sua bisa encostava os braços já não existe há tanto tempo, você não lembra quando tempo faz. A estante de livros do avô que você nunca conheceu, aqueles livros velhos que pareciam vir de um museu, aqueles que você costumava abrir e sentir o cheiro forte e desse jeito era tão fácil pensar que o conheceu, pensar que ele havia lido todas aquelas palavras difíceis e ele riu e chorou com elas, essa estante? Não está mais ali. No lugar foi posto uma televisão de plasma e tudo parece tão atual. Onde está a cama onde o gato do seu tio vivia deitado? Aquela cama onde você não sentava. Faz tanto tempo que aquilo tudo não está mais lá, tanto tempo que tudo está tão diferente... foi tão gradual que nem percebeu. Quanto tempo que você e a sua prima não dormem ali? Quanto tempo faz que aquela criancinha que dormia no quarto ao lado está em outro estado? Quanto tempo faz que o ar-condicionado ruim foi trocado por um novo. Da última vez que você foi lá, os livros do seu avô ainda estavam, você pegou um e nunca leu, nunca abriu. Você se lembra que estavam espalhados em algum lugar e os procura e não os acha, será que foi assim com todas as outras coisas? foram sumindo e sendo substituídas aos poucos?
As fotos fazem aquilo tudo tão mais concreto, a casa da sua vó não tem mais aquele cheiro, é tudo tão novo, tão moderno que perdeu a essência. O cocô do gato que sempre tinha no quintal, a bíblia velha no móvel da sala, o vinho no mesmo móvel, o móvel... Não tem nada lá.
Agora não adianta mais lamentar as mudanças, o que se pode fazer é tentar não perder as lembranças daquela infância, não perder aquele cheiro, não perder aqueles momentos, as brigas e as conversas. Tudo vai se modernizando com o tempo até o que você pensou que não iria, é, até mesmo isso. Você é capaz de lidar com isso? Creio que sim. Só peço que eternize esses momentos no coração, eternize tudo isso, de ruim e de bom, porque você sabe, não? Você sabe que irá crescer e tudo tende a mudar cada vez mais, talvez um dia não reste nem mais uma prova concreta, mas, a sua memória cuidará disso.

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