terça-feira, 12 de abril de 2011

Pertencem ao vento.



É terrivelmente contraditório pensar que por vezes estava com tanta dor que não pedi nenhum momento que ela cessasse, pedia que me entregassem mais dela. Dor até que seja o suficiente. O suficiente para querer parar de fazer o que me machucava e que ainda assim fazia. Fazia justamente porque não me doía o suficiente, fazia porque a dor mesmo que grande era facilmente superada por outro sentimento. Era contraditório e era quase amor. É tanto que ele mesmo era o autor da dor e ele mesmo a curava. Chamo de amor na forma mais carinhosa, porque não acredito que esse seja o seu nome. Ofereci tanto do meu tempo aos segredos, aos rumores de fim. O ofereci só porque queria e mais nada, já bastava um sentimento que me era imposto, não precisava de mais. Recordo-me de mais uma das dores que foi entregue a mim, esta é a mais inusitada de todas. Ela não é explicável, até porque explica-la para alguém implicaria em confirmar que ela existiu e isso é algo que desejo ignorar. Ao falar dela, eu quase posso senti-la passando pelas minhas mãos e subindo pelas veias e ela não segue o curso previsto, não vai a caminho do coração, ela se transforma de algum jeito e estala-se dentro do meu pulmão. Não vou me esforçar para descrever como era ou como é desde que comecei a escrever sobre ela, porque eu sei que ninguém iria entender e se não fosse algo dentro de mim, eu confesso que jamais entenderia. É como se fosse dona de algo que constantemente está a me machucar, quase me decompondo constante e rapidamente e mesmo com isso, eu desejo que não acabe porque se acabar é sinal que não foi tanto como eu imaginava, se chegar ao fim é porque não era tão intenso como eu pensava e isso faz de mim fraca. Fraca por ter sofrido por algo que não tinha tanta intensidade. Começo a pensar que teria sido melhor nem entrar em todo esse assunto, toda essa história. Lembranças que não merecem ser resgatadas só deveriam afundar mais. É justo que agora eu desvie desse assunto e acabe com isso. Ao contrário do fim de qualquer texto, não vale mais a pena acrescentar nem uma só palavra.

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