sábado, 24 de setembro de 2011

Os infinitos dos seus quinze anos.



Sinceramente, espero que junto com a intensidade dos quinze anos vá embora a complicação de uma adolescente complicada. Não vou deixar de ser adolescente, vou continuar nessa fase estranha e sem sentido que me prende de mais a tudo, que faz cada respiração ser um aprendizado. Se está a todo momento concluindo sobre o nada, aprendendo, se decepcionando. Not enough, baby. É normal pensar "O que será que fulano vai achar se eu fizer o que eu quero fazer?", sabe o que é que o fulano vai achar? Vai achar um monte de explicações e justificativas pra você ter feito o que fez, menos que você o fez porque estava com vontade. Estamos constantemente nos enganando e enganando os outros. Tentando ser diferente e sendo igual a todos os outros diferentes. Jurando que gosta de Rock, porque quem gosta de Rock é roqueiro e ser roqueiro é como ser "nem aí?", mas sabe o que é ser nem aí? ser nem aí é não estar nem aí pra o que as pessoas vão achar das suas músicas, ser nem aí é estar nem aí para ser nem aí. Ninguém está sendo quem é. Estamos sendo quem pensamos que somos, o que muitas vezes é diferente de quem realmente somos. Entendeu? 
A vida é simples. Quer dizer, eu não sei, mas eu acredito que seja bem simples, porque a vida é simplesmente a vida. Ela existe e acabou. Você sente e acabou. Por que? Porque permanecemos eternamente se prendendo a um futuro que nem sabemos se estaremos vivos, porque ainda vivemos a fazer pelos outros e não por nós? Engraçado. Um dia, eu juro: um dia eu vou conseguir ser tão simples quanto a vida nos pede pra ser. Por enquanto ainda não dá, mas eu como um ser não-simples coloco toda a culpa na adolescência. Até porque... a culpa nunca é minha. Eu li esses dias, esse mini texto:
‎"As pessoas complicam muito as coisas, ainda mais quando querem algo. Saudade? Ligue. Quer encontrar? Convide. Quer compreensão? Explique-se. Dúvidas? Pergunte. Não gostou? Fale. Gostou? Fale mais. Tá com vontade? Faça. Quer algo? Pedir é a melhor maneira de começar a merecer. Se o não você já tem ao tentar, só se corre o risco do sim. A vida é uma só!"
Parece tão simples vendo assim, não é? Vai lá ser simples que eu vou devagar e um dia eu chego lá.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Minha cicatriz risonha e corrosiva.

Querida ferida
Boa tarde! Boa noite! Só durante as minhas manhãs é que você ainda me deixa tranquila, ainda fica longe de mim. Deveria te agradecer por isso? Obrigada! Eu já não sei mais se você ainda existe ou se é a parte masoquista de mim que ainda quer te ter por perto. Acho que eu gosto de como arde, de como estala, arranha e piora. Ou melhor, eu gosto de como dói. Estranho isso, né? Desculpa!
Eu não sei qual é a parte mais engraçada guardada nessa sua casca, não sei se é a parte que envolve outras pessoas e do que as outras pessoas fazem e de como elas não se importam nem de graça com você e comigo tendo você ou a parte minha mesmo, a parte da minha maluquice total, da minha infantilidade e dificuldade de evoluir, esquecer, superar. 

É, talvez o problema seja todo meu. Acho que você já me disse isso, não disse? "Ou, o problema é todo seu." "O problema é que você não esquece." "Não me lembro de você, quem é?" "Não acredito que ainda está aí esperando que eu vá embora, todo esse tempo."
Talvez eu tenha me perdido em uma parte da linha do tempo, tenha estacionado uma área na minha vida. Estacionado? Não, pisado em um buraco bem fundo que eu não sei mais como sai, mas eu tento. Juro.
Talvez eu esteja aqui mentindo, querida. Estou mentindo pra você. Na verdade, você é a minha saída, minha desculpa. Na verdade, eu estou fingindo ou só dizendo palavrinhas e no fundo bem fundo eu é que não ligo. Inventei. Sou criativa. Inventei. Criei uma suposta cicatriz e eu sou uma gênia. Tão gênia que eu inventei tão bem inventado que não sei desinventar.
Não entendeu? Você é muito lenta. Desculpa! Eu acho. 

Ah, quase me esqueço o que eu ia lhe pedir. Gostaria que você avisasse aos seus coronéis, aqueles dois que antes eram um e se dividiram em dois, que quando eles quiserem eles podem a levar de volta ou me matar de vez. Irônico. Sabia que a segunda parte do seu senhor ainda diz que me considera? Eu sei. Eu sei. Você já me disse que eu que quis assim, mas nada é bem assim. Nada é bem assim. Na verdade, eu espero ainda por esses dias que os seus coronéis resolvam lembrar de mim, lembrar da minha humilde existência, ou talvez lembrar de você, lembrar que você ainda está em mim. Espero que se lembrem que ambos um dia disseram que eu valia ao menos um níquel em seus bolsos e que hoje só mostram que os seus bolsos sempre estiveram cheios de si e não havia nem ao menos um pedaço de mim. Espero que se recordem que me trituram e me afundam agulhas a cada gesto e se não podem deixar de fazê-los, pelo menos os escondam dos meus olhos. Diga a eles que eu espero que ambos fiquem bem longe do meu coração, já que não deixo-os longe do meu sorriso e das minhas conversas. É. Eu tenho agido indiferente, mas no meu coração só há você, minha querida. Não resta nem mais uma gota de um ou de outro.
Não quero tomar muito o seu tempo, você deve ter alguma parte de mim para cutucar. Deve ter alguma ordem pra cumprir. Eu não sinto a sua falta, minha linda.

Vá embora o quanto antes e não mande notícias.
Não me procure nunca mais.
Adeus.

Eu menti.


"Ah, meu amor, meu peito ainda bate pela certeza - meio incerta - de que um dia tudo passa."
 "Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a idéia da alegria." (Caio Fernando Abreu)
"Você pensa que nunca vai esquecer, e esquece. Você pensa que essa dor nunca vai passar, mas passa. Você pensa que tudo é eterno, mas não é." (Clarice Lispector)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Inconstante constância.

Querido amigo,
Tenho vivido em muitas inconstâncias esquisitas, as vezes vejo umas coisas relacionadas a algo e tenho certeza de que aquilo ou aquele alguém não é o que eu quero, mas minutos depois vejo outras coisas de um lado diferente do mesmo algo e torno a mudar de opinião e penso que aquilo ou aquele alguém é que é o eu quero. É óbvio que tudo tem diferentes lados e se eu não gosto de um, talvez me simpatize com o outro, mas é muito ruim ficar mudando de ideia quanto as coisas só porque passei a olhar com outros olhos. Queria ser decidida, sabe? Queria ter certeza sobre tudo, queria não ter um "ah, mas, agora falando desse jeito... até é interessante!" Eu sei também que tudo isso é fruto da idade, a temida adolescência que tanto os meus pais me contaram, nunca acreditei mas agora vejo que ela realmente tem uma influência nas minhas ideias e opiniões variantes.
Adoro quando se importam comigo, quando dizem que estão preocupados e quando ficam me perguntando as coisas a fim de saber se está tudo bem, mas noutro dia eu gosto quando mudam de assunto e tentam ser alegres a fim de me fazer rir. Este ou aquele dia eu posso estar interessada em complicações e assuntos profundos e cheios de nós, talvez naquele outro eu esteja a fim de algo bem simplificado e longe de nós. É assim que tem sido. Hoje eu quero dar toda a minha atenção pra você e amanhã eu quero dar toda a minha atenção pra ele. São duas coisas completamente diferentes e é justamente o que de mais diferente elas tem é que eu gosto. Então, como faz pra gostar de duas coisas tão diferentes? Eu é que vou saber? Ah, mas as minhas inconstâncias não se resumem a isso não, elas são diversas e me deixam levemente irritada comigo mesma, mas no fundo acho até engraçado. Só tem uma coisa que eu sou constante, as coisas que eu acredito nunca mudam e são sempre constantes no meu coração. O impacto que elas e Ele tem sobre a minha vida e como eu sei que Ele mudou a minha vida significativamente só eu sei. Ta aí, não sou completamente inconstante. Ainda não sei exatamente o que eu vou fazer desse meu probleminha, mas eu prometo que não farei dele um grande problema. Prometo ignorar ele na maioria das vezes e fazer o que eu achar mais certo sem me preocupar de mais com esses pequenos obstáculos, porque vou ser feliz, não é? Por agora só preciso que você me entenda, amigo. Preciso que você diga que não há nada de mal mudar de ideia em minutos, ou melhor, na velocidade de pequenos gestos ou algumas palavras. Só me diga que está tudo bem e que eu não sou má por cometer tal confusão comigo e com os outros.

Obrigada. 
De um coração confuso.




"Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonhos demorados quanto minhas insônias insuportáveis." Caio Fernando Abreu