sábado, 23 de outubro de 2010

Catavento. (Cap IV - De volta a vida real.)

Sentados no tapete da sala nós comemos em silêncio, estava uma delicia! E pelo visto não era só eu que estava com fome, o Pet parece também estar, devorando tudo de um jeito… que deixa seus maxilares maiores… mais bonitos.
- Vai ficar aí me observando comer, ou vai me ajudar a levar isso pra cozinha, maluca? – Ele diz já de pé e com uma das mãos esticadas pra me ajudar a levantar e a outra com os nossos pratos sujos. – Ou! Tá me ouvindo? – Ele diz levantando as sobrancelhas de um modo que só ele sabe fazer, que desde que nos conhecemos eu batizei essa cara dele de: cara do pet. Original demais!
- Hã? Claro né! – Digo isso já chegando na cozinha e começando a lavar os pratos.
Enquanto lavo os pratos, o Pet fica sentado no balcão olhando pra mim com aqueles olhos azuis de vigia, não sei o que pensar, nunca corei com coisas que o Peter faz tantas vezes em um único dia. É estranho isso! Será que ele pensa em ir embora? Não que eu queira que ele fique, mas… é só uma duvida.
- Acho que vou indo né? Nos vemos amanhã, vizinha? – Ele diz isso já envolvendo os seus braços envolta de mim e soltando todos os seus sorrisos, vejo que ele deixa suas mãos descansarem em minha cintura. Será que ele esqueceu elas aí? Hm.
- Já vai então? – Em poucos passos estamos na sala, eu abro a porta e ele se vira pra sair, e eu permaneço com a porta aberta talvez esperando ele sair do meu campo de visão.
- Amb? – Ele se vira e continua – Só queria que você ficasse sabendo, que eu estou aqui. Não importa pra que, eu estou mesmo aqui. Pode me ligar qualquer hora dessas, se quiser compania ou sei lá – Ele sorri. – Consertar alguma coisa.
- Você sempre esteve. – Eu respondo o enchendo de olhares agradecidos.
- Não, agora eu estou mesmo aqui. Prontinho. – Ele vem na minha direção. – Pra qualquer coisa. – Depois de dizer isso ele me dá um beijo na bochecha bem rapido e desce as escadas chacoalhando os cabelos.
Acordei atrasada de novo, são 7:10 e eu preciso estar na Bells às 8hrs. Merda! Merda! Merda! Nunca me arrumei tão rápido, desço as escadas passando as mãos pelos cabelos lavados, tentando coloca-los no lugar certo. Ando pelas ruas apressada, sem ao menos observar a travessia das ruas.
- Amb! Ambeeeeer! - Ouço gritarem o meu nome, mas, não sei de onde vem esse som, já estou em frente a porta dourada da Bells e passo os olhos por todo meu campo de visão, pra ver se acho alguém. Até que vejo Mia. Mia era uma estagiária da Bells, que sempre me dava a impressão que estava me seguindo. O sonho da vida dela era ser jornalista de lá, como eu. Ela é uma menina desajeitada, sempre cheia de pastas nas mãos e sapatilhas nos pés, não posso dizer que se veste mal, mas... para ser uma jornalista da Bells, tem que ser tudo e mais um pouco. Só lhe desejo boa sorte.
- Trouxe fotos incríveis da Charllote Ryo, você vai adorar! Quer ver agora, ou... - Ela para, talvez pensando se eu estava mesmo a ouvindo, já que não parei e continuei entrando no prédio. - Tudo bem, Amber? Quer dizer... você tá meio... - Ela continua. - Tudo bem?
- Ah, depois conversamos melhor, vai pra sua mesa, que depois a gente se fala, tudo bem? - Tentei não ser grossa, mas, seus olhos cairam e eu me senti um pouco culpada por isso. Gritos interrompem meus pensamentos culpados, e eu me encolho na cadeira. Gritos a essa hora da manhã. Parece que alguém está de mal humor hoje. Bem, percebo que estou de volta a rotina de sempre... de volta a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário